terça-feira, 22 de setembro de 2015


Uma Homenagem (in)esperada.
Um presente aos bolseiros!


Era uma vez um professor que passava a tarde a corrigir exames de seus alunos de Oxford. Ele leu uma prova, a corrigiu e a colocou na pilha ao lado, fazendo disso um ciclo. Em um momento ele virou a folha de uma das provas e viu um espaço em branco, sentiu-se recompensado por ter uma página a menos para ler, sentiu-se bem com isso, então ele se distraiu por um momento, inclinando-se para trás em sua cadeira e olhando em volta de sua sala, quando repentinamente algo um tanto simples chamou sua atenção. Ele começou a contemplar um minúsculo buraco no tecido do carpete próximo à mesa, fixou seus olhos nele e ficou lá por alguns minutos. Como se fosse o ato mais natural do mundo, repentinamente ele escreveu uma frase naquela folha em branco, frase que realmente deu partida à jornada do nosso querido professor John Ronald Reuel Tolkien. Jornada a caminho da eternidade.

“Num buraco do chão vivia um hobbit.”

Naquele momento o professor olhou para a frase que foi escrita, guiado pelo seu subconsciente, talvez? Talvez nem mesmo ele saberia responder tal questão, mas a importância do momento é a questão que veio depois da escrita de tal frase. “Quem são os hobbits?”. A partir desse momento Tolkien se esforçou para descobrir quem eram esses seres que vieram a sua mente de forma tão misteriosa e impulsiva, e a partir das respostas que obteve ele escreveu a obra O Hobbit, onde ele passa boa parte do começo do Romance apenas descrevendo sobre a vida desses seres tão queridos por ele. Aliás, ele mesmo se considerava um hobbit, pelo modo que vivia, mas creio que muitos já saibam desse fato curioso.

Aqui eu poderia discorrer as palavras de tal forma que levasse o assunto de tal questão a caminhos que levassem à criação de O Senhor dos Anéis, Contos Inacabados, O Silmarillion, até mesmo aos vários rascunhos que ele fez sobre aquela mitologia que surgiu a partir de um singelo buraco no tecido do carpete. Afinal, é uma belíssima e complexa mitologia, não concordam? Eu adoraria fazê-lo, afinal, Tolkien é o meu mestre, o holograma de uma cabeça gigante no palácio verde-esmeralda, me guiando e me inspirando na arte da escrita. Mas vou me ater apenas a um assunto aqui, aos nossos queridos hobbits! Afinal, temos dois aniversariantes no dia de hoje, e este é o meu presente a esses personagens!

Se me permitem, vou falar um pouco sobre tal raça a qual não sabemos a origem, ela já se perdeu nos arquivos dos Dias Antigos, mas aprendemos a amar e a ver sua coragem e bravura. Eles são um povo discreto, amam a paz e anseiam por uma vida boa e com poucas complicações. Não gostam de usar máquinas avançadas e são muito organizados quando o quesito é o trabalho na lavoura, pois prezam por uma terra bem lavrada. Sentem-se intimidados pelas “pessoas grandes” – é como chamam os Homens – e tentam evitá-los sempre que possível. Eles têm a capacidade hereditária de se esgueirar em qualquer lugar, podendo ficar praticamente invisíveis aos olhos alheios e fugir para um lugar seguro sempre que necessário, afinal, podem se mover sem fazer barulho. Adoram tomar uma cerveja e de acumular peso na barriga, e geralmente não fazem esforço desnecessário, como partir para aventuras ou até mesmo tarefas pequenas que não lhe servirão para nenhum propósito de interesse. Mas quando precisam fazer algo o fazem com agilidade e qualidade. Não usam sapatos, não precisam disso, seus pés são peludos e possuem um solado parecido com o couro, o que os faz pisar confortavelmente no chão sem precisar de nenhum calçado. Vale dizer que são um povo pequeno, são menores que os anões e têm no máximo um metro e vinte centímetros de altura, podem assemelhar-se a uma criança. Mas nos tempos antigos houve um hobbit que é considerado um recordista, no quesito de altura, este foi o Bandobras tûk, que tinha um metro e trinta e três centímetros de altura e conseguia até montar a um cavalo. Pode-se ver que são uma raça complexa e cheia de pequenos detalhes, podendo dividir-se em três tipos, mas vou concluir tal descrição com uma frase: Creio que eles são os que possuem melhor qualidade de vida na Terra-Média, procuram sempre evitar crises e anseiam por uma vida mansa. Apenas fumando sua erva e baforando-a para o céu, bebendo cerveja e sempre sorrindo naquela paz rotineira.


Mas felizmente nem todo hobbit pensa assim. Os Bolseiros, uma das famílias de hobbits, tinham a tendência a aventurar-se para fora do conforto de seu lar. Hábito que levou Bilbo Bolseiro a receber a visita de Gandalf – ou Olórin, ou Mithrandir, chame-o como desejar – um mago amigo e sábio que o convidou para uma aventura que mudaria sua vida para sempre, e de fato mudou. Até então ele tinha uma vida normal e não buscava por aventuras e afins, era apenas um hobbit comum. Mas após ser coagido por treze nobres anões e pelo mago que o convidara, Bilbo decidiu aventurar-se. Mas enfim, quem não conhece essa história? Há 77 anos tal obra foi publicada, e quem não a leu com certeza já assistiu aos filmes já lançados no cinema. Falando do hobbit em si, o Bilbo mostrou-se honrado e queria fazer o melhor na aventura que fez com os anões, mesmo cometendo alguns deslizes – que ele reconheceu como errados após uma trágica batalha e suas consequências. E tal aventura só fez crescer no conceito dos olhos alheios o valor de sua raça, para o bem ou para o mal. Também devo denotar aqui o ato mais sábio de Bilbo durante a jornada em busca do tesouro do Smaug, que foi ter poupado a vida do Gollum ao vê-lo aflito. Pois ele viu que aquela criatura não era totalmente maléfica, era apenas mais uma vítima do anel, e devo dizer aqui uma opinião pessoal: O Gollum (ou devo dizer Sméagol) foi a criatura que mais sofreu com a criação do Um Anel, nunca o culpei por seus atos malignos, afinal, vejam o que ele se tornou? Por tal motivo que amo a canção da Emiliana torrini que é tocada nos créditos das Duas Torres, ela exprime toda a tristeza que o velho Sméagol sente em seu âmago. Mas enfim, voltei a divagar aqui, voltemos ao nosso foco.

E todas essas informações e muito mais que preferi deixar de fora desse texto estão no capítulo 1 do Livro Vermelho, livro escrito por um dos aniversariante de hoje, o Bilbo Bolseiro. Obra ficcional que se tornaria o tão falado “Lá e de volta outra vez”, que narra desde os detalhes mínimos da raça dos Hobbits até sobre as viagens que seu autor fez, histórias sobre elfos, trolls, até mesmo um dragão destemido e inteligente.


Agora pulemos para décadas no futuro, do ponto de vista cronológico da Terra-Média. Mais precisamente o dia de hoje, 22 de setembro de 2014, dia do 111ª aniversário do Bilbo Bolseiro, que mantinha sua juventude por causa de um anel mágico que roubou de Gollum em uma caverna escura. Anel que na obra original não tinha grande importância, mas toma proporções enormes no Senhor dos Anéis – proporções que você deve saber quais são. Nesse dia também é comemorado o aniversário de seu sobrinho, Frodo Bolseiro, a quem ele adotou e confiou a ele toda a sua herança – com exceção de um vasto tesouro que Bilbo se nega a revelar onde está. E por causa desse dia, Bilbo, que já havia mostrado seu valor em sua primeira jornada, passa ao seu sobrinho uma outra aventura, mesmo que inconscientemente. Também guiado pelo Gandalf, ele parte em uma árdua jornada junto com seus três companheiros fiéis, Mary, Pippin e seu inseparável amigo Sam. Também não pretendo repetir a mesma história que vocês assistiram nas quase 10 horas de trilogia ou que leram nas mais de 1000 páginas em que consistem a sua obra. Mas assim como no parágrafo anterior, vamos bater na mesma tecla, vamos falar do valor hobbits!

Cada um dos quatro hobbits que adentraram na jornada do Anel possui seu valor. Não há como dizer que um foi mais valente que outro, ou que fez mais que o outro. Afinal, cada um cumpriu a missão que tinha em mãos, cada um mostrou-se uma peça fundamental para a batalha final. Como o próprio Gandalf diz durante um dos filmes da Saga do Anel, o destino da Terra-Média residia nas mãos dos pequenos hobbits, confesso não lembrar-me da frase exata no momento, mas a essência dela é essa. Criaturas tão pequenas como os hobbits mostraram novamente seu valor imenso ao que a Sociedade do Anel avançava, mesmo que separada. Marry e Pippin, Sam e Frodo, Cada um com sua característica em destaque e sua parte a fazer, mas os quatro tinham uma característica em comum, a coragem.


Já podemos ver que os hobbits, além de criaturas agradáveis e sábias – a seu próprio modo –, e também são fieis e corajosos. Ao ponto de se verem em um confronto verbal com um dragão mortal e astuto. A ponto de desferirem um golpe nas costas do mortal Rei Bruxo de Angmar. Ao ponto de fornecerem honradamente a vida à serviço de um regente austero e severo. A ponto de  batalharem com a última descendente de Ungoliant para defender um companheiro. A ponto de carregarem no pescoço – e na alma – o maior fardo que a Terra-Média já presenciou. E para finalizar esse parágrafo, a ponto de possuírem a coragem para adentrar onde todos gostariam de se afastar, conscientes de que não voltarão mais para casa e persistentes na tarefa que lhes foi incumbida, a sombria terra de Mordor.

É claro, eu poderia listar no parágrafo anterior muito atos a mais sobre os hobbits, são tantos, mas essa minha homenagem a essa raça doce e valente já está ficando um pouco grande. Fazer o que se a trilha sonora – a sinfonia completa da Trilogia do Anel –, duas xícaras de café e a minha paixão sobre tais obras estão sendo meu farol-guia nessa longa sessão de escrita? É a minha alma que está gritando de amor, sorrindo, me encantando novamente com tal história, mesmo que esteja apenas comentando por linhas e linhas sobre ela. Desde a Canção dos Ainur até o final da Terceira Era. E tudo isso por causa de uma divagação sobre aquele buraco no carpete, já pensaram nisso? Na capacidade humana de fazer atos grandiosos. Vocês que já leram outras apelações e resenhas minhas sabem que eu gostaria de continuar e continuar, mas infelizmente todos temos que visitar os portos cinzentos algum dia. Até mesmo essa sessão maravilhosa tem seu fim – ao som da digníssima canção Into the West da Annie Lennox. 


John Ronald Reuel Tolkien, você é meu guia, e sempre será.
Leitor, se você chegou até essa parte do texto, quero agradecê-lo por ler até o fim tal texto, meu coração fala mais alto nesses momentos, sabe? Até mesmo estou em suaves prantos nesse momento, devo confessar. E tudo isso para exaltar um pouco a obra do Tolkien e dizer:

Meus parabéns, Bilbo e Frodo Bolseiro! Vocês e outros hobbits são personagens de enorme valor. Não é à toa que Aragorn, após coroado como rei de Gondor, ajoelhou-se aos pés dos quatro hobbits dizendo aquelas belas palavras:

“Meus amigos, vocês não devem se ajoelhar a ninguém.”

Namarië, meus amigos!

***
(Perdoem qualquer pequeno erro gramatical ou referente à obra que houver, não houve tempo para revisá-lo.)

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